quinta-feira, 16 de abril de 2009

Crise, crise, crise

Como escapar à síndrome da crise económica? Fugir é uma solução, meter a cabeça debaixo da areia (técnica da avestruz) e esperar o tempo passar, aguardando por melhor dias é outra solução. Mas que tácticas adoptar para ultrapassar a crise? Mais e melhor capacidade de gestão, tornar ainda mais eficiente e eficaz a organização, uma boa dose de bom senso e alguma sorte. Primeiro faça o diagnóstico à sua organização. É importante dar uma atenção especial à situação económica e financeira. Avalie a suas necessidades de tesouraria, procure fazer um saneamento financeiro, analise criteriosamente os seus empréstimos e negoceie a taxa de juro com quem tem direito sobre o seu crédito. É altura de medir o desempenho da sua organização, não se restrinja apenas aos indicadores financeiros, olhe para os seus clientes, fornecedores e concorrentes. Comunique e interaja com eles. Tome o pulso ao sector e ao mercado, identifique as tendências de consumo e da procura. Analise e avalie o meio envolvente transaccional e contextual. Concretize uma análise ABC aos seus produtos e clientes. Procure aumentar a eficácia do departamento de compras. Avalie a pertinência da missão, visão e objectivos estratégicos. Pense a longo prazo, preferencialmente entre 3 a 4 anos. E depois faça o alinhamento estratégico. Defina novas prioridades comerciais e de marketing. Dê particular atenção à comunicação e à gestão da(s) marca(s). E é altura de investir, não de forma desmedida, mas focalizada no valor acrescentado que os resultados da integração dos investimentos na organização irão trazer. Atenção que o investimento não deve ser entendido apenas do ponto de vista tecnológico, o investimento em formação, no conhecimento, na organização e nos processos poderá ser factor chave para o sucesso. Recupere os princípios básicos de gestão, acredite que lhe vão ser muito úteis. Adopte uma cultura fortemente orientada para o alto desempenho e forte valorização de resultados. Aproveite as oportunidades que advêm dos mercados externos. Por exemplo a recente aproximação e dinamização das relações diplomáticas entre Portugal e a Venezuela, com consequências directas no fortalecimento de relações comerciais, podem ser uma porta de entrada para novas oportunidades comerciais e não só. Não esqueça também as oportunidades latentes nos PALOP, bem como daquelas que resultam de mercados emergentes, tais como China ou a Índia. Evite fazer da sua actividade um negócio de curto prazo a qualquer preço! Seja coerente na relação com o mercado. Procure expandir a sua abrangência e não tenha receio em estabelecer alianças, fusões ou aquisições. Procure sinergias internas e externas, o "eternamente só" poderá em alguns casos não ser a melhor estratégia. Existem vantagens interessantes que se podem alcançar na adopção de estratégias de concentração e/ou integração. Envolva as pessoas neste processo, comunique, explique e alinhe a cultura da organizacional em torno da estratégia e dos objectivos. E inove! Inove nos processos, nos serviços, nos produtos, na comunicação, no marketing, na imagem. É chegada a altura de eventualmente encarar a possibilidade de implementar um sistema de gestão da inovação e já existe um referencial para o efeito - NP 4457:2007. Caótico. Concordo. Mas existe forma de encadear tudo em torno de um processo estratégico. Acima de tudo não faça esta caminhada sozinho, contrate um "outsider" especialista para fazer o diagnóstico e para o orientar na reflexão e no pensamento estratégico.


Lúcio Trigo, Director - Geral da HM Consultores