sexta-feira, 3 de outubro de 2008

Constrangimentos da vida de um designer

Constrangimentos existem em toda a parte. Sejam eles, directa ou indirectamente, incutidos ao designer, ao cliente ou a terceiros que entram na “equação”. Posteriormente o designer tem que contar com eles para elaborar o seu trabalho de uma forma pensada, estruturada e criativa.
O ideal seria que todos esses constrangimentos fossem identificados antes do início do trabalho, para assim se evitarem “remendos” no trabalho final. O papel do cliente é fundamental neste processo porque é ele quem tem de identificar todos os conteúdos presentes na elaboração de uma peça de design, bem como todas as aplicações previstas.
Não é viável (e justo) quando no fim do trabalho, se introduz numa perspectiva pseudo-supletiva a seguinte afirmação: “Eu vou precisar que me acrescente mais isto!”. Tudo o que se faz é pensado, estrutura e planeado, mesmo o processo criativo, e, como tal, será necessário repensar tudo novamente fazendo com que o trabalho se torne moroso e oneroso. Eficaz? Talvez, com algumas reservas. Eficiente? Não!
Outros constrangimentos o designer, de antemão, consegue controlar e manusear, sejam eles de concepção ou de reprodução, mas mesmo na fase de reprodução é crucial uma indicação dos possíveis suportes que serão utilizados.
Outro grande constrangimento que é comum aparecer está relacionado com o custo de reprodução.
Muitas empresas não se apercebem que, quando o designer apresenta uma solução, essa é a melhor para elas e foi pensada para interagir com tudo o resto que foi desenvolvido até lá. Será que compensa penalizar a imagem de um produto e, por conseguinte, o seu resultado, valor e desempenho no mercado para o qual se destina? Vamos dar um exemplo. Uma empresa pede o desenvolvimento da imagem corporativa a um designer. O designer desenvolve essa imagem corporativa, tendo o cliente ficado extremamente agradado com o resultado mas, porque quer “poupar” algum dinheiro, quer que o cartão da empresa fique só impresso num dos lados, nem que para isso se tenha de colocar toda a informação na frente.
Qual será a imagem que a empresa vai transmitir ao apresentar um cartão confuso e com um aspecto caótico porque tudo foi disposto naquela superfície gráfica limitada, pela simples razão de não querer usar o verso do cartão? Será essa mesma. A de uma empresa que tenta reduzir ao máximo os custos, nem que para isso passe duma imagem de excelência, para um trabalho de imagem aceitável.
Por vezes é preferível gastar mais aqueles “dois cêntimos” para não sermos preteridos por alguém que preferiu não poupar e mostrar que faz as coisas bem sem olhar a custos. E acreditem que a imagem também vende.

David Martins, Consultor de Design & Comunicação da HM Consultores

Sem comentários: