segunda-feira, 14 de julho de 2008

Design? Onde?

Aí está uma questão pertinente. Onde? Com a novidade de que a bienal de design “Experimentadesign” está de regresso a Lisboa, em parceria com Amesterdão, coloca-se uma nova questão. Porquê só em Lisboa?
É um facto de que, em Portugal, as exposições e bienais de design ocorrem maioritariamente em Lisboa. Ocasionalmente aparecem umas exposições no Porto, mas são poucas e uma boa parte delas sem grande divulgação. Com a crescente qualidade de instalações disponíveis a nível nacional, porque não se começa a tomar a iniciativa de as espalhar pelo país?
Essa iniciativa faria com que a visibilidade e divulgação do design em Portugal fosse mais eficaz e haveria uma consciencialização de que o bom design é necessário para o desenvolvimento nacional, pelo contributo que traz na competitividade das organizações e até no bem estar das pessoas. Existirá melhor maneira de divulgar algo do que promovendo o contacto entre a pessoa e design? Esse contacto facilitará uma mais rápida percepção da realidade e do impacto do design pelas pessoas, ajudando a desfazer as ideias e mitos errados que possam subsistir na mente do consumidor/utilizador.
É claro que exposições da dimensão da “Experimentadesign” são impensáveis numa escala nacional que não Lisboa, mas em dimensões mais adequadas elas são exequíveis e porque não aproveitar a “Experimentadesign” para fazer um pequeno “tour” nacional com algumas das exposições? Visto que o “re-use” (a política dos três Rs – Reduzir, Reutilizar e Reciclar deve também ser encarado sob o prisma dos serviços) é algo em que se deve apostar, aproveitando o valor acrescentado dessas iniciativas e replicá-las, em escala e dimensão adequadas, pelo país, harmonizando ou criando uma relação de simbiose entre os portugueses e o design.
Agora a pergunta que se suscita é a seguinte: “Como é que se podem fazer exposições sem apoios?” É possível, mas também é difícil. Relembro que a “Experimentadesign” ficou temporariamente suspensa por falta de apoios financeiros, e só foi possível reatar através da vontade expressa de três entidades: a Câmara Municipal de Lisboa, o Ministério da Cultura e o Ministério da Economia. Foram assim reunidas condições para já em 2008 se poder lançar novamente este evento e assim criar um ambiente favorável para promover e divulgar o design, que tanto precisa. Seria extremamente interessante que esses apoios começassem a surgir para desenvolver ainda mais o design nacional e os designers.
Estes apoios poderiam surgir tanto de entidades municipais, como de empresas privadas, sendo que estas últimas podem desenvolver sinergias através do contacto directo de produtos e ideias com o público-alvo. Também as escolas e universidades devem ter um papel preponderante nesta área tornando visíveis os cursos de design e organizando “workshops” e conferências ajudando na propagação da disciplina.
Perguntando novamente.
Onde? Talvez perto de si num futuro próximo. Vamos esperar que o design chegue cada vez mais a mais portugueses e da maneira mais indicada.



David Martins, Coordenador da Área de Design & Comunicação da HM Consultores

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