segunda-feira, 14 de julho de 2008

O “virus” das organizações.

Não. Não me refiro ao vírus informático. Refiro-me ao vírus que ataca o potencial humano das organizações provocando elevados custos quer em termos de sofrimento humano quer em termos de deficiente desempenho económico.
De acordo com a Agência Europeia para a Segurança e Saúde no Trabalho (AESST), o stress relacionado com o trabalho é um dos maiores desafios para a saúde e a segurança na Europa. Quase um em cada quatro trabalhadores é afectado pelo stress, havendo estudos que o apontam como responsável por entre 50% a 60% dos dias de trabalho perdidos
O stress é o segundo problema de saúde relacionado com o trabalho mais notificado, afectando 22% dos trabalhadores da UE27 (em 2005). O número de pessoas que sofrem de doenças relacionadas com o stress causado ou agravado pelo trabalho tende a aumentar, e pode afectar qualquer pessoa, a qualquer nível, em qualquer sector, independentemente da dimensão da organização.
O stress nas organizações emerge quer por causas internas (que apenas têm que ver com o indivíduo, enquanto pessoa), quer por causas externas (condições a que o indivíduo está sujeito). O mundo do trabalho em mutação exige cada vez mais dos trabalhadores, devido à racionalização das empresas e à externalização do trabalho, à maior necessidade de flexibilidade em termos de funções e competências, ao crescente recurso a contratos a termo certo, à crescente precariedade de emprego e à intensificação do trabalho (com maior carga de trabalho e maior pressão) e a um deficiente equilíbrio entre vida profissional e pessoal. E se há indivíduos que conseguem lidar melhor com este ambiente, outros há que entram em ruptura. Ruptura de um estado emocional positivo, como o entusiasmo, para um estado emocional negativo, tipicamente associado à ansiedade, ao medo e à perda de controlo emocional.A boa notícia é o facto de o stress relacionado com o trabalho poder ser tratado. A gestão do stress nas organizações passa por um lado pela análise dos sintomas do stress e diagnóstico e acção nas fontes que são percepcionadas como indutoras de stress. Contudo, mais vale prevenir as consequências do stress relacionado com o trabalho do que procurar remediá-las depois de terem ocorrido. E neste campo, uma Gestão de Recursos Humanos eficaz é a melhor forma de gerir o stress nas organizações e minimizar os sintomas e os custos a ele inerente.

Luisa Caires, Coordenadora da Área de Desempenho Organizacional da HM Consultores

1 comentário:

1.000HEIRO disse...

Gostei de ler o seu artigo, que mais reporta ao stress no trabalho, mas admito faltar-lhe uma referência à má formação de chefias, que tratam os seus Colaboradores de uma maneira tão má, despótica e insultuosa da dignidade humana, muitas vezes com o fechar dos olhos dos patrões, porque parecem admitir que esaas chefias são insubstitíveis, apesar de saberem que mesmo zelando pelos interesses da empresa, parecem não ver que esses chefes não dignificam o nome da empresa, aos olhos de quem vê in loco o tratamento que dão aos seus subordinados. Isto é um autêntico vírus.
Muitas pessoas sujeitam-se e não reagem, porque têm os seus filhos a sustentar e os seus outros encargos.
No terreno vê-se. Peço-vos: vão ver. Pela vossa Missão tendes autoridade na matéria para ajudar neste flagelo.
Cumprimentos de.
jrmilheiro@gmail.com